segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

SETE EXOPLANETAS DESCOBERTOS - ROCHOSOS E POTENCIALMENTE HABITÁVEIS

TRAPPIST
Crédito da imagem: TheStar

Uma ótima notícia astronômica foi propagada nesta semana pela NASA: sete exoplanetas rochosos similares a nossa Terra foram descobertos!

Eles estão a cerca de 39 anos-luz de distância (ou 387 trilhões de quilômetros), na constelação de Aquário e orbitam a estrela anã-vermelha TRAPPIST-1.

Eles forem apelidados de b, c, d, e, f, g e h. Os maiores exoplanetas, o primeiro e o sexto (b e g, por ordem de proximidade da estrela) são apenas 10% maiores que a Terra.  Já os exoplanetas 'd' e 'h' são 25% menores que nosso planeta.

As análises preliminares indicam que as temperaturas na superfície de pelo menos seis deles variam entre 0°C e 100°C.

O quarto, o quinto e o sexto planeta, segundo os cientistas, são os que tem maior chance de abrigar vida, pois estão na zona habitável, com possível água em estado líquido. A maior aposta, entretanto, é para o TRAPPIST-1f, se efetivamente possuir atmosfera e efeito estufa. Ele tem órbita de nove dias e recebe luz semelhante a Marte. Os períodos orbitais destes exoplanetas são surpreendentemente curtos: de 1,5 a 13 dias.



TRAPPIST-1f
Crédito da imagem: Space

Devido a força enorme de maré, eles têm rotação sincronizada, uma face permanentemente voltada para sua estrela hospedeira, ficando uma metade na escuridão total e outra metade exposta a luz. A única região habitável seria a intermediária, apesar dos ventos ciclônicos em decorrência das abruptas e vertiginosas diferenças térmicas.

O autor principal do estudo é o astrofísico belga Michaël Gillon da Universidade de Liège - Bélgica, que com sua equipe, em maio de 2016 descobriu três exoplanetas desse sistema.  Agora, com dados do telescópio espacial Spitzer e do Telescópio Liverpool, no Reino Unido, identificaram os demais. Mas como eles conseguiram? Através do método de trânsito, quando o brilho da estrela é ligeiramente reduzido em intervalos regulares por causa de objetos que passam entre ela e a Terra. 

A estrela TRAPPIST-1, pouco maior que Júpiter, tem cerca de 0,05% da luminosidade do nosso Sol, massa de aproximadamente 8% da massa solar e idade de apenas 500 milhões de anos. Vale lembrar que uma anã-vermelha, por consumir seu combustível mais lentamente (converter gás hidrogênio em hélio) vive cerca de 10 trilhões de anos! Ela é um recém-nascido de algumas horas, ou melhor, minutos. Nosso Sol, nessa metáfora, tem quase cinquenta anos.

Essa é uma ótima notícia. Não muito distante de nós temos exoplanetas potencialmente favoráveis à vida. Devido a grande radiação e ventos solares emitidos por sua estrela a maioria deles pode ter perdido a atmosfera. Se algum deles possuir grande núcleo de metal líquido em seu centro, o consequente campo magnético o protegerá, propiciando as condições para o surgimento da vida. 

Se algum deles tiver um efeito estufa ao extremo parecerá com o planeta Vênus, mas vamos torcer pelo melhor, dados que confirmem a presença de metano, uma atmosfera etc. 

Comentei que esses exoplanetas não estão tão distante de nós, mas isso é relativo: astronomicamente, não; Humanamente, sim. Trata-se do consumo de 1/3 da vida de alguém que vive 120 anos! São 40 anos de viagem numa nave espacial. Essa hipotética nave deve estar na velocidade-da-luz, algo escomunal e atualmente inconcebível! Numa sonda atual viajando a 60 mil km/h, por exemplo, chegaríamos no sistema TRAPPIST-1 em aproximadamente 700 mil anos!

Notícias como essa são fascinantes e podem ser históricas quando encontrarmos de modo inequívoco, vida. É válida a preocupação em criar tecnologia de propulsão ou técnica para deslocamento em alta velocidade com destinos intergaláticos, pois isso significa sobretudo a preservação da espécie. Mas o primordial é respondermos a idosa e intrigante pergunta: estamos realmente sós? E é exatamente isso que a equipe do Dr. Gillon e a NASA tenta fazer. Parabéns a todos os envolvidos!

Afinal, estamos sós? Acho que não. Estamos, por enquanto, presos nesse berço. Nem ao menos no nosso quintal podemos ir (estou me referindo a Marte, ou Europa, lua de Júpiter, ou Titã, lua de Saturno). Se não saímos ainda do limite do nosso quintal imagina a dificuldade em atravessar o quarteirão e chegar no outro lado da cidade! Mas podemos conseguir. 

Encontrar vida fora da Terra é apenas uma mera questão de tempo. 

Obs.: Parabéns também ao Google que fez uma pequena e bela animação no dia na página.


Texto e pesquisa:
Miguel Souto

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